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Como planear o novo ano como freelancer
Chegámos a 2022 e, com um novo ano, parece vir sempre a sensação de que podemos começar de novo, que podemos fazer muita coisa diferente desta vez.
Como planear o novo ano como freelancer
Chegámos a 2022 e, com um novo ano, parece vir sempre a sensação de que podemos começar de novo, que podemos fazer muita coisa diferente desta vez. Na realidade, nada distingue o dia 1 de janeiro do dia 1 de dezembro e a motivação para fazer diferente não aparece magicamente se o último dígito do ano mudou. Está até provado que a grande maioria das pessoas não cumprem as suas resoluções de ano novo, mas continuamos a fazê-las, esperançosamente, ano após ano.
O que vos quero transmitir aqui é uma forma realista de planear o ano, para que fiquemos um pouco mais perto de cumprir os objetivos a que nos propomos.
Primeiro passo: olhar para trás
Não interessa fazer planos sem primeiro fazer um diagnóstico, um ponto de situação, o que lhe quiserem chamar. Ao longo do ano vamos recolhendo muitos dados sobre o nosso trabalho — estatísticas de redes sociais, volumes de faturação, taxas de conversão — o final do ano é o momento em que todos esses números ganham máxima expressão e nos permitem ter um quadro geral daquilo que aconteceu no ano que passou.
O que correu bem? O que correu mal? O que devemos repetir? O que devemos eliminar? Esse é o esqueleto do nosso plano e é muito importante que seja baseado no recurso mais valioso que temos à disposição: informação.
Segundo passo: definir objetivos
Há várias escalas de objetivos, desde a micro (objetivos diários) à macro (objetivos anuais). Há muito a ser escrito sobre definição de objetivos e a primeira coisa que deve ser dita é que não é tão simples como parece.
SMART
A primeira dica mais comum é que os objetivos sejam SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant and Time-bound), ou seja, que sejam específicos, possíveis de ser medidos, possíveis de ser alcançados, relevantes e com uma relação de tempo. Por exemplo, “tornar-me freelancer” não é um objetivo SMART, é demasiado vago, não vai ser possível apontar um momento, no tempo, em que ele é cumprido. Uma versão SMART desse objetivo seria “angariar 3 clientes novos para serviços de design no primeiro trimestre”.
Motivação
A segunda dica importante sobre definição de objetivos é que a motivação não é a chave para os cumprir. A motivação é nossa inimiga, nalguns dias ela está lá, noutros não. Não se pode confiar na motivação. Para cumprir objetivos o segredo é a consistência. É fazer algo, mesmo que seja pouco, todos os dias ou todas as semanas, independentemente da motivação.
Em vários níveis
A terceira dica é que os objetivos tenham camadas (como as cebolas!), que sejam uma mistura de objetivos diários (mais pequenos) com objetivos anuais (maiores), e que, idealmente, estejam relacionados. Começa por definir os objetivos anuais (2 ou 3 no máximo) e depois por partir esse objetivo em metas mais pequenas trimestrais, mensais, quinzenais, semanais ou diárias.
Quais mais curto for o foco, mais fácil vai ser cumprir um objetivo grande.
Se o objetivo grande for escrever um livro, pode parecer intimidante pensar nisso nessa escala, mas se for escrever 1 página por dia, parece mais exequível e são 365 páginas ao final de um ano. Provavelmente nem serão precisas tantas.
Terceiro passo: não esquecer que definiste objetivos
Muitos dos objetivos que definimos ficam esquecidos num documento de texto algures numa pasta no computador, ou numa página algures na agenda. É importante que não fiquem esquecidos num canto qualquer, que estejam visíveis, todos os dias.
Sobretudo se conseguires criar um sistema de pequenas metas diárias, pode ser terapêutico ir riscando aquilo que vai sendo cumprido.
O Ano Novo não é mágico
Não é por 2022 ter chegado que somos pessoas diferentes. Somos exactamente os mesmos que éramos a 31 de dezembro, mas com isso não quero parecer derrotista. É claro que a mudança é possível, mas não é pela passagem de um mês no calendário nem pela motivação inconstante: será sim pela disciplina e pela consistência em fazer repetidamente.
O conceito de “hábitos” está muito em voga nas comunidades on-line dedicadas à produtividade e à gestão do tempo, e não é por acaso. A ideia por trás dos hábitos (de criar novos e de deixar os maus) é que são os juros compostos do estilo de vida. Se formos 1% melhores a cada dia, o crescimento exponencial, aos poucos, vai garantir que ao fim de um ano somos 3800% melhores ao final de 365 dias. Não significa que o progresso seja linear, ou mais fácil, mas significa que, para cumprir objetivos, não é preciso dar cambalhotas e fazer esforços monumentais. É só fazer um pouco mais, um dia de cada vez.