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Alavancagem. Saiba o que é e como pode funcionar na sua empresa.
A terceirização da economia está cada vez a ganhar mais relevo. Operações de alavancagem permite a gestão de meio de produção para a obtenção de mais e melhores resultados. Saiba mais aqui.
A alavancagem é um termo que designa a possibilidade de multiplicação de resultados a partir da aplicação de um pequeno conjunto de recursos. De facto o fator alavancagem é tanto maior quanto maior também for a diferença entre os recursos utilizados e os resultados obtidos. Por recursos utilizados, compreende-se bens e serviços detidos ou prestados pela própria empresa para atingir os resultados esperados. Assim, a aplicação da alavancagem implica a utilização de recursos detidos por outras entidades para atingir os resultados esperados.
Originalmente e exclusivamente utilizado nos meios financeiros, o conceito de alavancagem tem vindo a ter outras interpretações e utilizações pela redefinição de cadeias logísticas e novas formas de afetar recursos às unidades de produção. Incluem-se nestas novas formas de fazer as coisas, a cedência de recursos humanos, a cedência de meios de produção, a cedência de recursos financeiros na forma de empréstimos, o que permite a execução de fluxos de trabalho de forma a que a empresa apenas suporte custos fixos e os custos variáveis sejam distribuídos ao longo da cadeia produtiva e suportados por outras entidades.
No entanto a alavancagem operacional deve ser diferenciada da alavancagem financeira. A alavancagem financeira é geralmente entendida como recursos financeiros obtidos por empréstimos que depois permitem gerar vantagens mais substanciais de rendimentos. A alavancagem operacional, por outro lado, é algo mais inerente à execução do próprio negócio, em particular, à sua estrutura de custos.
A partilha de recursos entre empresas requer que cada uma delas desenvolva as suas operações de forma harmoniosa e de acordo com os princípios da “Lean Production”, ou seja de forma perfeitamente integrada com todos os agentes que integram o processo produtivo, quer a montante, quer a jusante. Se um empresário, por exemplo, utilizar os princípios de alavancagem para mobilizar recursos em instalações de vários fornecedores para produzir bens para os seus próprios clientes, deverá ter a capacidade de reservar e executar as suas necessidades de produção sem disromper os fluxos de produção desses mesmos fornecedores.
Os relacionamentos estabelecidos entre empresas que permitem a implementação de projetos alavancados têm um tipo específico de classificação que vai muito além das parceiras convencionais e outros tipos de alianças, já que, ao contrário destas que são muito reguladas e com todos os aspetos previstos e com tempo de negociação muito longa. As parcerias que suportam o crescimento alavancado têm um escopo de aplicação muito mais flexível não baseados em acordos mas em recompensas flexíveis baseados na performance do mercado ou do próprio negócio. A terceirização dos negócios apresenta cenários em que o promotor assume cada vez mais funções de coordenação e de planeamento de recursos que não são detidos por si, mas que estão à sua disposição para a prossecução de interesses comuns a vários intervenientes ainda que apenas de forma temporária.
Por outro lado, há já um conjunto de empresas que cuja operação se centra, exclusivamente, na alavancagem de outras operações. Estas empresas não criam nem vendem produtos próprios nem têm marcas próprias, mas têm uma rede de processos de produção e distribuição de produtos acabados através de sistemas de encadeamento “just in time” e “seamless chains” que nunca evidenciam conflitos entre os vários atores do processo e as respetivas participações, nomeadamente sobre quem faz, quem vende, que tem direitos de marca etc..
Outras empresas fazem apenas a gestão de marca, em que todas as operações são deixadas a entidades terceiras, parceiras, que deverão cumprir um conjunto de princípios orientadores e cujos produtos, se lhe obedecerem, poderão integrar a gama de produtos da marca e obterem assim a valorização intangível que a marca poderá proporcionar, como o posicionamento no mercado, a qualidade percebida dos produtos, redes de distribuição estabelecidas e em grande parte automatizadas, etc.. O outsourcing assume desta forma um papel estruturante de vários negócios que, apenas pela gestão cuidadosa das margens de contribuição de cada unidade e dos custos fixos de produção geram retribuição para várias entidades envolvidas.
Quer as empresas assumam o papel de coordenação ou o papel de coordenadas, a definição das condições de participação de entidades numa operação de alavancagem logística passam comummente pelas seguintes etapas:
- Definição das condições que as empresas deverão respeitar para aceder à operação;
- Seleção e contacto das companhias a participar;
- Estabelecer canais e meios de contacto entre os vários operadores assim como os protocolos a observar nas várias ações desempenhadas;
- Criar KPI (Key Performance Indicators) para que a operação possa ser monitorizada e estabelecer formas de incorporação do conhecimento entretanto obtido;
- Trabalhar na constante adaptação dos operadores económicos ao processo de alavancagem
- Considerar a generalização das conclusões obtidas a outras operações de alavancagem logística em que a empresa participa ou do consórcio de empresas a outros negócios, a outros mercados ou segmentos de mercado.
A obtenção das vantagens de alavancagem podem ser difíceis de obter logo no início da operação. A construção de estruturas de custos, a escolha de empresas parceiras da alavancagem, o estudo de mercados e de nichos de mercado podem revelar-se obstáculos à pronta implementação de uma estratégia de outsourcing e terceirização de atividade. A análise de custos fixos vs custos variáveis pode revelar pistas cruciais sobre a que empresas e modelos de negócios as ações de alavancagem poderão ser mais adequados e das mais resultados.
A questão central nas operações de alavancagem é a empresa conseguir decidir quais os bens que vai querer manter. Manter uma estrutura de produção própria, uma rede comercial própria, a marca e outra propriedade industrial de forma a que seja apetecível por outras empresas é essencial para as empresas possam de alguma forma controlar as operações de gestão dos meios dos outros e obter assim mais resultados.